Residência JURUMIRIM – SP

projeto: 2014 | conclusão da obra: 2015 | área construída: 830 m²

fotos: andre scarpa

Por conta das grandes dimensões do terreno, o projeto foi pensando desde o início como uma casa térrea e espraiada, composta por volumes separados por pequenos jardins, e conectados por uma circulação coberta. A casa pode ser entendida como uma justaposição de materiais construtivos, onde cada elemento é apresentado em sua aparência particular e pode ser claramente compreendido em sua função específica. O projeto segue uma lógica de montagem, e isso fica nítido na obra construída.

A casa é dividida em sete volumes separados por reentrâncias do jardim. O maior bloco é o de convivência, que abriga sala, cozinha e varanda com churrasqueira. Este bloco está conectado à três volumes, com duas suítes cada, por um grande corredor de quase cinquenta metros. Um muro de elementos vazados acompanha toda a extensão da circulação, protegendo-a da chuva e permitindo ventilação cruzada em todos os ambientes ligados pelo corredor. Da varanda da sala é possível acessar a área da piscina caminhando através do jardim por plataformas elevadas revestidas com granito branco Itaúnas. Sob o solário da piscina foi construída uma sauna, que se abre para a vista da represa.

No lado oposto à represa, separados do resto dos blocos pelo muro de elemento vazado, encontram-se um volume que abriga sala de jogos e televisão, e um bloco de serviços, com cozinha, área de serviço e suas dependências. A planta foi toda desenvolvida em uma modulação de 7x3,5 metros. O projeto surgiu do cruzamento de dois eixos perpendiculares: um eixo de circulação que conecta os volumes dos quartos, da sala integrada com cozinha e sala de televisão e jogos, com um eixo de serviços, que vai varanda fechada da entrada, que forma uma linha reta entre a garagem e a churrasqueira na varanda.

A casa tem duas fachadas principais, com características opostas. A dos fundos, que encerra a circulação longitudinal, é marcada por um grande muro de elementos vazados cerâmicos verdes que acompanha toda a extensão da construção. A fachada oposta, voltada para a vista da represa de Jurumirim, é toda fechada com caixilhos de alumínio anodizado e vidro transparente. Nos quartos foram instalados também paneis camarão com tecido perfurado de PVC (tela Soltis), que protege os ambientes internos da incidência solar e de insetos, mas permite a ventilação.

Sempre que possível, procuramos aliar racionalidade construtiva e expressão estética. Foram utilizados poucos revestimentos, buscamos trabalhar com os materiais de forma a revelar suas características particulares. A estrutura de madeira é sempre aparente. A cobertura de telhas termo acústicas brancas pode ser vista de dentro da casa. Com exceção das áreas molhadas, o piso de toda a casa é a própria laje estrutural de concreto, que depois de polida fica com uma aparência similar ao granilite, mas com custo inferior, pois não é necessário fazer um contrapiso e revesti-lo com outro material. A sensação nos espaços internos vem da combinação entre esses poucos elementos construtivos e o mobiliário escolhido, que é simples e confortável.

A cobertura inclinada construída acima da área de convívio chega à altura de 4,3 metro do piso da varanda, o que tornaria esse espaço exposto à chuva e ao sol. Para que a varanda pudesse ser utilizada plenamente, uma segunda cobertura, com 2,7 metros de altura, foi erguida abaixo da primeira. Essa segunda cobertura é descolada da casa, como medida para preservar a entrada de luz e a vista do céu a partir da sala.